9 de março de 2010

Entre os muros da escola

Extremamente indicado para quem se interessa sobre educação, e mais do que isso, para quem pensa sobre a questão da educação em um país que precisa lidar com as implicações que a imigração traz. No filme Entre os muros da escola o país em questão é a França, porém podemos fazer um paralelo com problemas que talvez possam serem vistos no Canadá. Claro que as realidades são muito diferentes nesses dois países, mas a reflexão sobre esse assunto é muito válida! Fica a dica, um artigo sobre o filme publicado no UOL Cinema, o trailer e o torrent para download:

11/03/2009  "Entre os Muros da Escola" expõe a visão francesa do choque de civilizações
EDILSON SAÇASHIMA

Existe um fosso que separa o professor e os alunos que protagonizam o filme "Entre os Muros da Escola", vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes do ano passado. No microcosmo de uma sala de aula, a expressão "choque de civilizações" poderia ser usada para sintetizar a relação entre eles.


Há uma diferença cultural e social que gera incompreensão e atrito entre ambas as partes, em um retrato do que seria a França contemporânea. Os muros da escola não são os únicos que revelam uma divisão e uma impenetrabilidade entre dois lados. Há também outros muros invisíveis que estão sugeridos no filme.


De um lado desse muro está François Marin, um professor de francês vivido por François Bégaudeau, que também é o autor do livro homônimo no qual "Entre os Muros da Escola" é baseado. De outro, está um grupo de alunos entre 13 e 15 anos composto por negros africanos, asiáticos latino-americanos e franceses.

François pode ser visto como um educador, em um primeiro momento, mas também como uma espécie de colonizador. Seu sobrenome Marin, que pode ser traduzido ao português como marinheiro, sugere alguém que é desbravador dos mares e de novas terras. Seu esforço em fazer com que seus alunos incorporem o idioma francês pode ser interpretado como uma espécie de "processo civilizador" imposto a esses alunos de diferentes etnias.

Professor na vida real, François Bégaudeau atua em filme inspirado em seu livro

A linguagem é o grande campo de batalha onde é travado esse conflito cultural. O filme se sustenta basicamente apenas com longos diálogos, e muitos deles trazem o frescor do improviso. Sem um roteiro em mãos, os jovens puderam criar seus próprios diálogos, o que dá a sensação de que a realidade daqueles garotos invadia a ficção de "Entre Muros".

A invasão da realidade no filme também se dá através do nome dos personagens, que é a mesma dos jovens na vida real. Porém, duas exceções merecem menção. Khoumba, vivida por Rachel Régulier, é uma aluna chamada de insolente por se recusar a atender uma ordem do professor. Souleymane, interpretado por Franck Keïta, é o garoto problemático que se indispõe com o professor e seus colegas.

São os dois personagens "rebeldes" e principais questionadores da autoridade de François. Apresentá-los como personagens fictícios parece querer desvinculá-los do mundo real. É como se a visão deste filme francês fosse apenas capaz de ver o "verdadeiro" outro como o "bom selvagem", aquele personagem de outra etnia que se esforça a assimilar a cultura francesa. Talvez por isso, os professores lamentem a possibilidade de deportação do chinês Wei, um aluno dedicado no estudo do francês e bom moço, mas se reúnam para discutir a expulsão de Souleymane, um personagem que vemos falar um outro idioma.

O filme reforça uma visão colonizadora a partir do ponto de vista de alguém que se toma, mesmo que inconscientemente, como a "civilização". Assim, o outro se torna o retrato da rebeldia que deve ser conquistado através da assimilação da cultura da "civilização".

Para o público brasileiro, a imagem de alunos que questionam a autoridade do professor e até mesmo são agressivos possibilita outra discussão. Trata-se de um retrato que talvez não seja diferente do que vemos em escolas brasileiras, em que é comum o relato de desrespeito ao mestre. Mas a escola em si não parece ser o principal foco do filme. Tanto que o título original se refere apenas aos muros. A menção à escola no título é uma inclusão da distruibuidora do filme no Brasil.

Assista ao trailer de "Entre os Muros da Escola":



Para o download do filme mais a legenda segue o torrent
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3 comentários:

César, Valéria, Lara e Anaclara disse...

Quem não adora um bom filme? Valeu pela dica.

E a vida segue...

Jhon disse...

Ok, eu sempre tô atrasado nos posts rss

Eu adorei o filme quando assisti, pois é como se tivesse feito um recorte de um certo período naquela escola que parece um micro-universo. Cada imigrante ali traz suas características que juntas na sala de aula fazem parecer que a qualquer momento ocorrerá uma explosão!
Quando mostra que os próprios pais, não sabem falar a lingua do país e por isso são incapazes de acompanhar a vida estudantil do filho que parece ser a esperança e o futuro deles...aí a coisa se torna mais complicada ainda...

é um bom filme que levanta questionamentos importantes sobre os beneficios e maleficios desse multiculturalismo (ou interculturalismo, nunca sei qual é o mais acertado para a sociedade Québec)...

Bons filmes hein? ótimos gostos..

bjs

Lely disse...

Já assisti esse filme e achei muito bom!
É uma coisa sobre a qual nós (futuros) imigrantes deveríamos refletir e avaliar, pois nossos filhos estarão em salas de aula multi-culturais.

Obrigada pela ajuda com o blog. Valeu a dica!
Tentei ajustar os comentários, mas ainda não obtive sucesso...
como ainda pretendo mudar aquele template, desencanei um pouco! :D

Abraços,

Lely