Um estudo feito pelo Institute for Research on Public Policy constatou que imigrantes recém-chegados ao Canadá e pessoas que fazem parte de um grupo minoritário são quem mais se opõem à vinda de novos imigrantes ao país. A pesquisa também constatou que de todas as províncias do Canadá, Ontário é a menos favorável à imigração.
No ano passado, cerca de 92 mil pessoas imigraram para Toronto, a grande maioria vinda das Filipinas. Uma delas foi a nutricionista Olga Flores, que atualmente trabalha como caixa de um supermercado e ainda não arranjou emprego em sua área de estudo. “Tem muita gente vivendo em Toronto e isso termina prejudicando o mercado de trabalho. Apesar do Canadá ser um dos poucos países que aceitam imigrantes, quando chegamos aqui nos deparamos com uma outra realidade”, disse ela, ressaltando que se não arranjar nenhum emprego no campo de nutrição até o ano que vem, pretende ir para a China.
Um novo estudo publicado na última terça-feira (18/10) mostra que novos imigrantes, aposentados, pessoas com educação secundária ou inferior e simpatizantes do partido Conservador são menos abertos à imigração do que aqueles que moram no país há mais tempo e se identificam com o multiculturalismo. O Institute for Research on Public Policyconstatou que pessoas nascidas em países em desenvolvimento costumam ter valores sociais conservadores, e isso explica o fato de serem menos favoráveis à imigração.
De acordo com um questionário aplicado em 2010, 82% dos canadenses disseram que a imigração tem um impacto positivo na economia. No entanto, a mesma pesquisa mostrou que somente 68% dos desempregados concordaram que imigrantes beneficiam a economia do país.
A pesquisa mostrou ainda que indivíduos com diploma universitário são mais favoráveis à imigração. Quase 70% dos entrevistados com nível superior disseram que concordam com a vinda de novos imigrantes ao Canadá, contra apenas 43% dos que possuem ensino secundário ou inferior.
Maioria ainda é a favor de novos imigrantes, mas querem pessoas mais qualificadas
Apesar de novos imigrantes e grupos minoritários serem menos abertos à imigração, comparados a quem vive no Canadá há mais tempo, a maioria ainda é a favor, desde que haja um maior controle na qualidade de quem é aceito para viver no país. Mesmo com a recessão econômica e ameaças de terrorismo, o estudo mostrou que 58% dos canadenses nascidos no país concordam com a vinda de mais imigrantes, contra 54.9% entre recém-chegados e minorias visíveis.
Quando o pernambucano Fábio Melo chegou ao Canadá em 2004, se deparou com um país que oferecia grandes oportunidades de trabalho para o imigrante. Mas, segundo ele, hoje os tempos são outros. “Veio a crise e com a desvalorização do dólar as pessoas foram perdendo seus empregos e ficando com ‘medo’ da concorrência”, disse ele ao OiToronto.
Fábio trabalha como biólogo e afirma que quem já está ingressado no mercado de trabalho canadense e bem adaptado ao país não tem motivos para se sentir excluído, mas confessa que a explosão do multiculturalismo em Toronto termina gerando uma desorganização que afeta a todos. “Eu sou a favor de imigrantes, mas sou contra aqueles que vêm e não se encaixam na cultura, no modo de vida canadense. Não vão para uma escola aprender inglês e continuam nas suas ‘comunidades’ vivendo uma vida paralela, falando uma língua paralela, alheio ao que acontece ao seu redor”, ressaltou o pernambucano.
A bartender carioca Jane Riccioppo concorda com Fábio. Morando no Canadá há seis anos, Jane afirma que não vê nenhum problema na vinda de mais imigrantes ao país, mas acredita que é preciso um pouco de controle por parte do governo para que a população que reside em Toronto não seja prejudicada. “Eu sou a favor de uma imigração selecionada. Imigrantes que se encaixem nas necessidades do país, não esquecendo os refugiados”, disse ela.
Um outro dado interessante da pesquisa mostra que Ontário é a província que menos concorda com a imigração no país, com 53.5% dos entrevistados sendo favoráveis à entrada de novos imigrantes. As províncias das Pradarias são quem mais aprova a imigração (Saskatchewan e Manitoba – 62.8%), seguidas do Atlântico (Terra Nova e Labrador, Ilha do Príncipe Eduardo, Nova Brunswick e Nova Escócia – 62.5%), Quebec (61.8%), Colúmbia Britânica (57.4%) e Alberta (54.4%).
2 comentários:
Excelente post, muito interessante.
E a vida segue...
Acho que esse é um momento pra ficar no Brasil e esperar a crise acabar(será?) para depois pensar em imigrar.
Ótimo post.
Abraços.
Postar um comentário